11 dezembro 2010

Para os dias que passam

Ligar o esquentador e consolar os pés gelados e esquecidos. A intensidade do trabalho ou daquilo que nos ocupa os dias. O conforto da música em simultâneo com demência de ter tanto para fazer, tanto caminho e tanto tudo. Estar para aqui amarrado aos dias que fluem sem deixar rasto, sem deixar paisagem, sem deixar nada.
Ao encontro da ideia de missão cumprida, exaspera-se a vagabundagem existencial e tudo que nos vai consumindo o corpo e a alma. Necessitamos efectivamente de tão pouco e perdemo-nos em diletâncias tristes, em sensações vagas de felicidade, em falsos açúcares doces e vácuos.  Perdemo-nos em geometrias frágeis, em verdades insensatas, em desejos de querer, em exageros prosaicos e em finais desoladores em que queríamos mais e muito mais.
Sempre esta angústia de não ter tudo e de preparar o futuro, este desejo desconexo de que amanhã tudo irá ser melhor, esta inteira sensação de mais não poder, de estar de bem com o mundo e com as coisas que ele arrasta para nós, que nos atropela os dias, que nos deixa extenuados e quase mortos, tontos de tanto optar.

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