27 novembro 2010

O progresso das almas diletantes

Como se diz o amor ou se diz tudo, como se diz a angustia dos dias que passam ou a passagem dos novembros frios. Como se diz o querer ou nos dizemos intactos, quando quase sempre nos remetemos à ínfima parte daquilo que somos. Como nos relacionamos com o todo sendo nós mesmos ou como transformar o mundo. Como vivemos pequenos quando efectivamente somos grandes tantas vezes. Como se explicam os pássaros e as noites mal dormidas, as angustias que a noite acentua e o desespero breve e tantas vezes perene de nos sentirmos perdidos. Como são tão frias as manhãs, para logo darem lugar ao retemperador nascer do sol. Como somos tantas vezes breves, quando deveríamos ser perenes e outras tantas vezes ausentes, quando deveríamos estar presentes. Como ousamos tudo para outras vezes nos remetermos a uma constrangedora insignificância. De que matéria somos feitos, que sinapses povoam a nossa alma diletante. De que ancestral filosofia descendemos, de que religião e de que homem, de que ausência, de que tudo. De que conforto necessitamos para progredir, de que espaço e de que tempo.

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