Em resposta ao meu post "Medo de quê?" o meu querido amigo Eduardo Condorcet enviou este excerto de uma peça que ele encenou e que não poderia deixar de partilhar aqui.
“Vivemos todos sob a ameaça da bomba - cancro - carcinógeneos - doença - desemprego - impotência - medo do medo - pretos - brancos - polícias - juros - imposto de rendimento - multas de estacionamento - esquecer as nossas deixas - perder dinheiro - ganhar demasiado dinheiro - perder cabelo - engordar - ficar feio - ser estúpido -não ter graça - ser tímido - ser tonto - ficar preocupado com qual aparelhagem comprar - como arranjar um carro - a bicicleta - aprender piano - medo de falhar - de não causar boa impressão - medo da força dos outros - medo da fraqueza - medo de ficar exposto - de não chegar a horas ao emprego - de não ter reforma - segurança - velhice - de morrer - guerra - aleijado num acidente de automóvel - medo de ficar cego - surdo - de não entender a piada - medo dos duros - medo de correr riscos - medo de nadar - de saltar - de mergulhar de uma prancha - medo da doença - medo de mexer - medo de vender - medo de comprar - medo obsessivo de aranhas - armários escuros - facas - assaltantes - medo de pessoas - festas - multidões - pessoas espertas - medo de dizer o que se pensa - medo das mulheres - medo dos homens - medo da polícia - medo da ansiedade - por isso esta peça é dedicada a todos medrosos.”
Peça “Kvetch”; Original, Steven Berkoff; Tradução: Luis Fonseca
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