Coisas bem simples, como olhar à nossa volta e ser livre em tudo, constituem seguramente momentos de grande humanidade que nos podem reconciliar com as coisas do mundo.
Gostar do preto, do azul, do verde, do branco e do amarelo dá-nos um sentido de pertença a essa coisa grande que é ser Homem, ser inteligente e construtor intemporal de realidades.
Olhar para o mundo de forma alargada e sem limitações de qualquer espécie é viver 100 anos todos os dias. Não excluir nada nem ninguém é aproximarmo-nos de tudo, é a quinta-essência
de estar vivo.
Por isso vou ficando triste com muitas coisas que se passam à minha volta - a ignorância, a visão única e o desrespeito pelo outro e pelo seu direito a ser diferente.
Vem isto a propósito do peso que vejo todos os dias na vida de muitas pessoas que parecem encarar a realidade com uma visão direccional - A queixa e o desconforto permanente, a pouca intensidade e abertura com que vêm o mundo, a visão muito parcial da realidade.
Vejo todos os dias pessoas a ter opinião sobre tudo e sobre todos sem se dar conta que o que existe de importante está em nós e não no outro.
O mundo esquece-se que existem múltiplas formas de entender a realidade, muitas formas de viver a vida, tantas formas de comunicação aparentemente incompatíveis.
A verdade não existe em nós, a verdade somos nós em relação com os outros.
Nós construímos-nos em visões alargadas, na tolerância, nas visões alternativas e relativas.
Nós morremos um pouco se formos parciais e tivermos visões de sentido único.
Viver é um momento único e a inteligência é uma faculdade fantástica.
Se tivermos uma mão cheia de areia veremos que quanto mais suavemente a agarrarmos mais probabilidade temos de ficar com ela na mão. Se a apertarmos se a quisermos toda para nós mais rapidamente veremos a mão cheia de nada. Esta extraordinária metáfora deveria permitir que as pessoas do mundo compreendessem que o Homem não necessita de regras, de moral ou de qualquer outro aprisionamento. O que o Homem necessita é de liberdade, de liberdade total.
Se formos capazes de ser livres provavelmente seremos capazes de ser felizes.
* A ideia para o título deste post foi roubada a Milan Kundera, o conceito, mais ou menos consensual, terá sido roubado ao Paulo Coelho, que nunca li e espero nunca vir a ler.
1 comentário:
devemos imprimir este texto e lê-lo todos os dias antes de sair de casa. lembra-nos a relatividade das coisas, ajuda-nos a direccionar prioridades e, acima de tudo, ensina-nos a ser felizes.
teresa
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