18 junho 2005

regresso aos lugares extintos

Fui ao funeral do teu pai e lá estavas tu, de preto, naturalmente. Semblante carregado. Fizeste um suspiro abafado quando te abracei a meio daquilo que poderia ser um grito. Forçamos o abraço por alguns momentos e senti nas mãos a intensidade com que te apertava, e tu a mim. Pensaste que eu poderia não aparecer, e ficaste aliviado quando me viste. Voltaste a sentir pela enésima vez que afinal há pessoas das quais inevitavelmente nunca nos vamos afastar, ainda que muitas vezes pareça, e outras tantas vezes nos sintamos abandonados. Por momentos saíste para a rua, e gracejaste quando passaste por mim: - vou fumar um cigarro lá fora para o meu pai não ver. Pareceste-me alguém muito familiar. Pareceste-me tu. Lembras-te?
Fiquei pouco tempo. Mais tarde senti que deveria ter ficado mais um pouco, não seria necessário falar. Bastava que estivessemos por ali a observarmo-nos sem nos olhar.
Mas não quis ficar mais. Voltamos a dar um abraço forte na despedida e pareceste-me triste por eu me ir embora.

2 comentários:

Anónimo disse...

O que parece extinto é este blogue...então pá tens de alimentar a besta. está uma pessoa a vir ao tasco todos os dias para sair com sede?
Palhaço voador

Carla de Elsinore disse...

vou mudar o link para os blogues mortos