15 abril 2005

Recordações de uma amoreira ou os dias com árvores

Lembro a Estrada Nacional n.º 2, em Santa Marta de Penaguião, com o pavimento carcomido e um carro a passar de 5 em 5 minutos.
Lembro um chão negro e um cheiro adocicado de fruta madura.
Lembro uma amoreira imponente e inalcançável, mesmo para as travessuras de um puto de 8 anos.
Lembro o desejo de a trepar para lhe descobrir o segredo e o sabor da fruta nos lugares mais altos.
Lembro o Estio abrasador e seco.
Lembro a minha tia, já velhinha, a pontear umas meias na soleira da porta, com um óculos redondinhos e a lançar-me um sorriso carinhoso quando me via a entrar pelo portão. Até parece que ainda sinto o seu colo.

2 comentários:

cc disse...

são assim os colos das pessoas que amamos ... e das árvores

paula. disse...

...
e lá voltou a voz da avó N à minha memória ...era uma casa muito engraçada, não tinha tecto, não tinha nada....
Dentro das mãos e olhos dela cabiam toda a segurança e ternuras do mundo...irrepetível e por isso dorme dentro de nós...deve ser.

[sorriso]

paula.