12 dezembro 2010

Flor de Inverno

Será sensato voar, deslizar sobre o asfalto grosseiro, viver os dias com clareza e romper os sonhos que acalentamos durante tanto tempo? Será sensato ficar intacto, será sensato não arriscar?
Interrogo-me se a sensatez não existe para nos refrear os ímpetos de querer, os ímpetos de ser, quando já somos tão pouco para tudo que existe, tão ínfimos e tão sós, desmesuradamente sós nas opções, desmesuradamente sós nas atitudes, pouco mais que nada.
Talvez acordemos um dia para a graciosidade, para uma atenção fecunda, para gestos desmesurados, para uma humanidade pungente, um desejo grande de ser tudo, de viver tudo e de estar de braços abertos para os Homens, como se cada segundo fosse o último, como se cada hora fosse para a posteridade, como se cada dia fosse uma consciente, frágil flor de Inverno.

3 comentários:

Alice Laranjeira. disse...

Será insensato não viver.
Será insensato não arriscar.
Será insensato não cortar as amarras que nos prendem ao passado.
Será insensato não nos libertarmos do minúsculo tempo que nos aprisionou um dia.
Será insensato não correr.
Será insensato não derrubar muros.
Será insensato não errar.
Será insensato não sonhar.
Será insensato não erguer-se.
Será insensato apontar a arma ao outro.
Será insensato não Ser.

Liou Duvinini disse...

Interesante...

Kássia Reis disse...

Algo para se pensar. Gostei da analogia com a flor de inverno. Perfeita! Um texto muito bonito!