Ver o filme primeiro e depois ler o texto (se tiverem vontade)
Duvido que o futuro da humanidade esteja exclusivamente nas mulheres, na realidade penso que o futuro da humanidade está nos pequenos passos de cada um, na luta que todos os dias formos capazes de fazer para criar uma sociedade mais justa, mais equitativa.
Acredito no poder da arte como agente fundamental da transformação humana. Estará efectivamente a arte a cumprir esta componente da sua missão?
nem sempre - a maior parte das vezes não, tal é seu grau de promiscuidade com poder (não é de agora, sempre foi assim).
Vivemos atafulhados de embustes, de falsos problemas, de angustias irracionais. Vivemos em torno de causas esvaziadas de significado e criaram para nós a ilusão de que o dinheiro e o poder nos fazem mais felizes.
Enquanto criticamos o estado do mundo em que vivemos, enquanto nos queixamos dos nossos alunos, do seu desleixo e do "não querer saber", evitamos perguntar a nós próprios o que andamos aqui a fazer, e qual está a ser o nosso contributo para o bem comum. Todos os dias nos queixamos (nos casos mais promissores) pelo menos três ou quatro vezes por dia de uma série de coisas que estão erradas no mundo mas, seguramente, estamos menos preocupados em quantas vezes por dia damos um contributo positivo à sociedade. Atribuímos sistematicamente a culpa a um agente invisível e ainda fazemos pior quando lhe damos um rosto, mas continuamos, quando podemos, a tirar um incompreensível proveito das benesses do sistema que nos vai consumindo cada dia da nossa vida.
Somos uma sociedade hipócrita e centrada em si mesma, somos uma sociedade escravizada e auto-complacente todos os dias - uns a seguir aos outros. Somos fieis consumidores do Xanax, mas cada vez mais, numa tendência higienizadora (eu gosto de lhe chamar a sociedade dos "limpinhos") castigamos os que fumam, os que bebem, os que não fazem ginástica, os que são gordos, os que são demasiado magros, os que são altos, os que são demasiado baixos, os que têm o cabelo comprido, os que são azuis, os que são pretos e até os que são demasiado brancos. Porque raio haveríamos de ser todos iguais. Por raio temos que ser iguais à força.
Que é feito da liberdade individual? porque será, que todos (quase sem excepção) nos sentimos cada vez menos livres? Que medo é este... de ser livre? que terror anda a consumir as nossas almas atormentadas? que desejos secretos nos consomem os dias? porque vivemos tão centrados nos outros, quando o segredo talvez esteja em cada um de nós?
Que medo é este... que insegurança é esta, que terror... que desvario?
É necessário acordar, acordar rápido. É necessário mudar, é necessário afrontar, é necessário colocarmo-nos na linha insegura de sermos nós mesmos.
É necessário lutar, é necessário mudar de paradigma. É necessário criar a não-escola.
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