Tenho para mim que o banho matinal é um espaço de reflexão por excelência. Uns cantam, alguns sussurram maldição para o mundo que os faz acordar tão cedo, outros masturbam-se...
...Eu penso. Este acontecimento é tão mais pungente, quanto menos horas tenha dormido, daí que é para mim um grande incremento aos meus sentidos e filosofias pessoais dormir poucas horas, e contra todas as recomendações médicas, praticar com grande regularidade o acto de apenas dormitar, para que assim possa permitir-me ter grandes ideias sobre o mundo de uma maneira geral e sobre as coisas que me rodeiam em particular.
Foi numa destas manhãs que se me afunilou o pensamento para a concepção maquiavélica de ensino da actual equipa ministerial, impulsionada pelo Pinto de Sousa, que é o nome que, carinhosamente, um querido amigo chama ao dito, por não ser digno do bom nome de um dos grandes pensadores da humanidade.
Concluí pois então, que as principais medidas para melhorar o sistema de ensino em Portugal nos últimos quatro anos foram:
- Mexer na carteira dos professores, congelando os salários e as progressões na carreira durante uns anos;
- Atacar a dignidade dos professores, colocando os portugueses a pensar, que eram estes os grandes culpados dos graves problemas educacionais do país;
- Melhorar a qualidade de ensino fornecendo computadores aos alunos e professores a baixo preço e forjando provas de avaliação nacionais que permitissem melhorar os resultados gerais dos alunos em termos estatísticos;
- Burocratizar de tal maneira o processo de avaliação, que qualquer professor decente se vê condenado a preencher grelhas kafkianas, que no final apenas servem para acabar de vez com a floresta em portugal.
Como sou um daqueles professores que dormem pouco para fomentar o pensamento no banhinho matinal, tenho algumas ideias para melhorar a qualidade do ensino, que embora não sendo novas nunca é demais repetir:
- Colocar os melhores cérebros apolitizados portugueses (sempre na presenção de quem efectivamente está no terreno) a reformular completamente os currículos de ensino, adaptando-os às circunstâncias do nosso tempo;
- Reduzir o número de alunos por turma, permitindo que um ensino mais experimental e menos formatado possa ser colocado em prática;
- Reforçar a autoridade dos professores agilizando todos os processos decorrentes de condutas desviantes;
- Melhorar gradualmente as condições de trabalho nas escolas, fomentando a possibilidade de os professores lá trabalharem em horas não lectivas, libertando-os do trabalho que todos os dias levam para casa;
- Criar um sistema de avaliação não burocratizado que distinga simultaneamente o mérito e seja igualmente formativo, corrigindo eventuais lacunas no desempenho dos profissionais de educação.
Dito isto, Eu, Professor que sempre se dedicou a fazer o melhor que sabe, amanhã, vou estar em Lisboa na Manif e se as coisas correrem bem vou gritar tão alto quanto possível - "estou farto desta merda!"
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