26 julho 2005

Corpo a corpo com o passado



Tinha a vida em rolos que fui destruindo sem mágoa. Um corpo a corpo suado entre o que fui e o presente. Uma distinta selecção do passado. Destrui tudo sem mágoa nem sensações fortes. Só apagar para sempre, lançar fora uma intensidade vaga de dias distantes.
De uma vez pude resolver vários problemas: abrir espaço na poeira das coisas e libertar-me de espaços reflexivos que já não interessam, partes de mim que já não amo.
Guardei apenas dois rolos, robustos e organizados. Sinto-me leve. Fui capaz de fazer a selecção necessária. Posso recomeçar de outro lugar sem cometer os mesmos erros.
Uma parte do passado reduzida à condição de pó, ou um velho livro abandonado, cujas páginas desfilam abrindo por si quando o vento sopra, e sem que ninguém as leia.

1 comentário:

Carla de Elsinore disse...

não sei se já te disse que és um meu herói.

p.s. de um dia para outro esta coisa transformou-se. bolas.