08 dezembro 2004

# 1.Lugares da vida real

Estava demasiado eufórico para os lugares habituais e não hesitei em tentar a Foz.
Era fim de semana prolongado e as vaidades saíram à rua.
Em frente ao bar estava um casal de porteiros simpáticos, ela mais simpática do que ele e a oferecer brindes na troca de bebidas doces, e apenas, ligeiramente alcoólicas.
Como disse, eu estava verdadeiramente eufórico.
Entrei confiante e toda a gente olhou para mim, o que me fez sentir bonito.
Encostei-me ao balcão para pedir uma bebida e foi servido por gente loura e sorridente.
Voltei as costas ao balcão para sentir o ambiente, e lá estavam eles e elas, a sorrir, a saltar e a berrar nos ouvidos uns dos outros. Eles de camisa aos quadrados e barba bem escanhoada, elas de sapato de ponta fina, gangas justas ao corpo e camiseta de alças a deixar ver corpos de peles macias e cuidadas.
Entretanto, as três louras que serviam no bar tinham saltado para cima do balcão e esfregavam-se sensualmente umas nas outras a dançar o ieie.
Fiquei por momentos a olhar para todo o lado, tipo sonar da Marinha.
Pedi outra bebida.
Ela apareceu do nada e perguntou:
não te costumo ver por aqui?
então?
És diferente... barba por fazer, roupa preta e castanha, um olhar tipo sonar...
pois!
até já.(afasta-se)
...tchauuu

Saí do bar algo desiquilibrado, sendo que só hoje me dei conta, enquanto observava um livro de ilusões de óptica, que estive sujeito a uma experiência singular - as camisas dos rapazes, às riscas, aos quadrados, e sempre as riscas diagonais e os quadrados.

Há lugares que não nos pertencem, mas que deixam em nós uma marca singular.

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